quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DEMOCRACIA E BARBEARIA

Todas as nossas frustrações e choradeiras que derramamos por não lograrmos eleger nossos candidatos são muito naturais. É a breve “Tensão Pós Eleição”. Esta famigerada inclusive já tem até sigla: é a “TEPELEI” que, para condizer e bem “sentar” com o contexto, nasceu com a democrática liberdade de criação de cada um em poder interpretá-la e determinar os significados que melhor reduzirem suas dores-de-cabeças-inchadas ao perder eleições. Tanto pode ser “TE PELEI” no sentido de que digamos aos vencedores: perdi as eleições mas “TE PELEI”, porque gastastes tudo o que tinhas e o que não tinhas para comprar os votos que te elegeram ( esta é muito utilizada por intelectuais). Outra possibilidade que ela oferece para salvar os derrotados é a de querer dizer: Teu Econômico Poder Elege Legalmente Exército Incompetente ( esta pertence aos Tecnocratas que aguardavam o resultado de uma promessa de “cabide-de-emprego”  que é semanticamente parente da “TEPELEI”, por oferecer várias interpretações e que, para o qual, preferimos escolher a definição: “Cabides-de-Empregos são Sistemas Empregatícios que Empregam Gente que não é Empregada em Nada”). Já os esperançosos e sonhadores com o fim do “atraso” e a chegada do “não falha” da justiça decodificam a sigla “TEPELEI” como: TE PEgará a LEI ( há uma grande parte dos apostadores em patas de pangarés que a utilizam e acreditam que seja a mais correta de todas). Para não reduzir tanto as margens de interpretação e não tolher a criatividade de quem ler esta bobagem, vamos citar uma última para encerrar de uma vez este parágrafo chato com a seguinte definição: ‘Teu Emprego de Político Estelionatário LEgalizado eu Invejo”.  Estas são apenas algumas das muitas desculpas que nós perdedores temos para demonstrar a não concordância com o resultado das urnas.

                                           O assunto sério que disfarçamos com a fantasia (também acompanhando o contexto) do humor, como bons brasileiros que somos, esconde sob os panos da brincadeira algo sobre o qual precisamos refletir: “Os resultados das eleições são sempre justos”. Por que podemos afirmar isto: porque o objetivo deste jogo da eleição é o de conquistar o maior número de votos dos eleitores, ou seja, quem convence mais eleitores  a dedicar o voto a si, é o ganhador. Simples matemática: quem faz mais pontos ganha. Agora, seguindo o raciocínio podemos perguntar: Por que os eleitores votaram nesses canalhas, ladrões e falcatruas e não nos nossos candidatos honestos, competentes e trabalhadores?  Não é esta a nossa pergunta recorrente de perdedores? A minha é. Pois então? Qual é a resposta? É seguinte: Se alguém se elege é porque conseguiu mais votos. Se conseguiu mais votos, foi porque conseguiu convencer mais eleitores. Se conseguiu convencer mais eleitores, foi porque conhece as melhores formas de convencê-los, como os nossos têm as deles de nos convencer. Pergunta seguinte: Como conseguiram convencer a maior número de eleitores e nós não? Resposta dupla: Os que se elegem respeitando todos os parâmetros legais, éticos e morais, se elegem pelo verdadeiro talento político, seja através da oratória, apresentação das propostas que contemplem as ânsias de solução dos  problemas básicos do dia-a-dia, como alimentação, saúde e educação para os filhos, em linguagem popular que todos compreendam. É porque nos conhecem, aos eleitores, e as facetas da nossa “personalidade cultural” coletiva, porém, por auto-imposições de suas consciências manobram no pequeno intervalo do que ela permite. Mas e os criminosos, por que e como se elegem? Pelos mesmos motivos dos honestos: porque conhecem o povo e conhecem nossas facetas. E como fazem para nos convencer? Se utilizando de todo o seu conhecimento de todas as nossas facetas e de todos os meios disponíveis e indisponíveis ( ficam devendo aos financiadores no ciclo vicioso aquele que já conhecemos) para nos convencer, sem o mínimo limite de nada. Eles nos conhecem muito melhor do que nós mesmos. São hipercompetentes nesta “arte”, no sentido adulto de ser “arteiro”, ou “artista”. Se elegem porque conhecem e se utilizam dos “atalhos” que, por recorrência e “injurisprovidência”,  já fazem parte das regras para atingir o objetivo final. São muito mais competentes no que se propõe, do que os outros.

                                            Portanto, meus Amigos, o negócio é este mesmo: é um negócio e como em qualquer empreendimento, há os honestos e os desonestos, mas no final todos vendem. Uns vendem ilusões ideológicas, outros materiais, terceiros as duas e assim vamos seguindo. Os que como eu desejam que os criminosos sejam eliminados da boa política, deveremos abandonar a condição de “pintinhos de chocadeira” e descermos para a sarjeta, que é o campo dos nossos inimigos e, nos apropriando das armas deles, sem o falso pudor dos que não sabem que estamos em guerra, tomarmos de assalto o castelo e fazermos o que precisamos fazer, para que as regras voltem ao que eram, quando foi criado o jogo da Democracia lá na física e temporalmente longínqua Grecia, e se possam colocar para sempre nas masmorras da mediocridade e das grades, esses que se utilizam do conhecimento de que o povo é bom, honesto, trabalhador, para comprá-lo com coxinhas de galinha e churrascos por saberem que, se um homem do povo vai a uma reunião-armadilha destas comer essas iscas imundas e mal havidas que lhe oferecem, e dá sua palavra da gratidão pelo voto, jamais deixará de cumprir, no geral, e é esta a sarjeta que precisamos conhecer e na qual precisamos nos sujar, porque se não tomarmos o poder através das mesmas formas que eles, para podermos mudar, nada mudará jamais porque passaremos  dezoito mil gerações educando cem e eles deseducando um milhão. Se não ocuparmos sujos de sujeira lavável, diferente da deles, o poder neste jogo que apelidaram, para nos enganar, de democracia. Democracia esta que proíbe a um Prefeito de instalar uma barbearia municipal para salvar as crianças dos piolhos. O argumento da proibição é o de que isto é um atentado à iniciativa privada e ao livre mercado. Mas como é que para socorrer  financistas-jogadores irresponsáveis,  que não podem viver longe dos seus hiates e das coxinhas das prostitutas de luxo, não só pode como é obrigatório ao Estado intervir nesse mesmo e antes intocável mercado privado, para salvá-lo com os recursos da barbearia das crianças piolhentas?

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