sábado, 18 de outubro de 2008

Alfabetizadores Literários

A culta e rica literatura de “cima”

Quando meus versos ela descobre

Detesta meu cantar em pobre rima

Enoja-se da minha rica rima pobre

 

Preferem melodias mais jazzistas

Na livre improvisação do fonema

Que não é direta apenas dá pistas

Em muito lindos rebeldes Poemas

 

Eu por meu lado na debaixo linha

Quando às letras me dou e atrevo

A meço em metro a poesia minha

Em geométricos versos a escrevo

 

Meus Poemas não trazem o novo

São simples versinhos o que trago

Apenasmente para alegrar o povo

E iniciá-lo nas letras com o afago

 

Desta minha paupérrima melodia

Feita com esta depreciativa  rima

Para que possam ascender um dia

Ao melhor da Literatura de cima!

 

Porque para nós pobres iniciantes

Sem a musica é perna sem joelho

Os versos precisam ser dançantes

Por isto o povo lê o Paulo Coelho

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PAENE TENÊNCIAS

Quase-político  julgando politicante

Militar quase julgando semelhante

Não é o mesmo que uma prostituta

Se confessar com o próprio amante?

 

Pelo pecado de ter acabado de transar

Com o mesmo padre filho-da-Eva

Que carrega na mão um facho de treva

Escurecendo a igreja mentindo clarear?

 

E este “politiclero” julgador  tão sério.

Se utilizará na decisão de que critério?

Condena se ela agitou os seus hormônios

O entregando à turma dos demônios?

 

Ou se a contribuição foi pouca na cama

A eleva  perdoa e ao cabo proclama

Espada da batalha contra o diabo

E veste a batina pra esconder o rabo?

 

Ou seria justo em dar a penitência

Absolvendo se recebesse prazer mínimo

E a condenando pela incompetência

De ficar devendo o absolvente “dízimo”?

O Livro é humano

E tudo que carrega sente

Como as penas da  gente

Dores, prazeres, até a solidão

 

Da estante, gaveta ou balcão

Não obstante abarrotados!

De outros livros abandonados

Como nós em meio à multidão

 

É que esses pobres coitados

Precisam de beijos e datilotoques

Precisam crus ser “comidos”

Com glacês-enfoques e todos sentidos

 

Gostam de circular, de andar

De olhos em olhos, de mão em mão,

Prostitutos e masturbatórios que são

No vaso, na cama, da imaginação.

 

No primeiro ato eles nos localizam

Em nossos lugares e ignorantizam,

Depois aprisionam, apaixonam

E a consciência corrigem, “acertam”

E por fim nos dão gozo e libertam!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Evasão Vital

Das carteiras dos barezinhos das cidades

Do quadro negro das noites das baladas

Dos prazerosos motéis e camas sedadas

É Campus desta obrigatória universidade

 

Se resolvem todos problemas do mundo

Se filosofa julga absolve condena e pena

Se droga viaja fica dança beija envenena

Se troca amor por transa de um segundo

 

Ninguém é de ninguém não precisa amor

É carne é suor frêmito é tesão e  loucura

É bumbum tórax e mama de silicone dura

Bíceps Tríceps nada de peso-consciência

 

Ressaca sede repé banho dor depressão

Sem saudades carinho doendo os vazios

Ninguém a esperar ninguém a quem ligar

O mundo tornou a ser torto dói o coração

 

A Escola que quem não opta pela evasão      

Recebe ao formar-se nos “cursos de vida”

Como certificação da faculdade concluída

Diploma de óbito ou a dor e exclusão

                            

Porque deve ser cursada tal  medicina

Gota do veneno só para aviar a vacina

Em dose supercontrolada e nada forte

Overdose de vida com pingos de morte

                                  

sábado, 11 de outubro de 2008

A MENINA QUE APRENDEU A LER TODOS OS LIVROS DO MUNDO

                                                 Desde que começou a andar ela teve que acompanhar a mãe até o lixão onde catava materiais para vender aos recicladores. Como nem caminhar sabia direito, a mãe a deixava sobre um velho sofá no qual dera uma limpada meio por cima e colocara sob uma amoreira que havia sobrevivido às escavadeiras que prepararam o terreno para aquela finalidade. Aos poucos ela foi se ambientando e começando a aventurar-se pelo meio do lixo. Como um bêbado ia, caindo aqui e levantando ali, aprendendo a catar. Só que os objetos e objetivos da sua catação eram diferentes dos da Mãe: ela procurava algo com que pudesse brincar. Já tinha o seu pequeno tesouro escondido no forro do sofá. Eram uma cabeça da “Susi”; um nariz de palhacinho e uma perna de plástico sem identificação,  toda amassada, provavelmente em terrível acidente provocado por algum menino malvado para vingar-se da irmã. Naquele dia ela estava tentando recuperar uma coxa afundada que não conseguia puxar para fora com a ponta de um clips enferrujado. Além desses membros e partes de órgãos humanos representados, o que mais tinha recolhido eram pedaços de revistas em quadrinho e de livros. Já tinha uma pilha de capítulos, muitos dos quais deixara secando ao sol para não perder nenhuma folha que fosse. Certo dia no horário do almoço sua Mãe inventou de pegar uma de suas folhas para iniciar o fogo-de-chão e aquecer a panelinha de feijão com arroz que levavam diariamente. Ela arrependeu-se amargamente por ter feito aquilo. A menina desatou num choro que não havia consolo que a fizesse parar. Depois que finalmente acalmou-se, falou que ela era “a professora” e ninguém poderia queimar os livros dela, porque senão ela não poderia mais ensinar às outras crianças a rezar com as letrinhas.

A rotina era a mesma de todos os dias. À noite jantavam o mesmo feijãozinho com arroz e alguns pedacinhos de osso de porco que disputavam com os cachorros que ficavam esperando, à frente do único açougue da vila, o açougueiro liberar. Após a janta  iam as duas acomodarem-se sobre o colchão que fora jogado fora juntos com mais uns vinte,  pelo dono de um motel que havia à margem da estrada principal  que reformaram. Deitadas sobre aquele lixão do amor, que era um verdadeiro cemitério dos filhos que morrem nos motéis, sem nascerem, em nome do amor, como é natural e razão de brotarem aos milhões: para que os amantes aprendam a valorizar o amor através dos seus sacrifícios. Isto lembra a história que não existe de um menino indiano que se masturbava somente dentro da água para oferecer aos espermatozóides uma possibilidade de salvação: nadarem até encontrar alguma banhista em período fértil e infiltrarem-se nela à procura de uma amante ovulada. Justa preocupação de uma adolescência milenar.

                                             Elas dormiam abraçadinhas as duas. Para espantar os mosquitos era queimado esterco de vacas, em uma fogareiro de brasas, recolhido na volta do trabalho, na beira da cerca de um tambo de leite que pertencia ao mesmo dono do açougue. Dizem que foi deste inseticida natural que surgiu o famoso “boa-noite”. A miséria era tanta que até para acordar eram despertadas por canto emprestado do galo do vizinho. Mas não havia queixas. Elas estando juntas uma da outra nada mais era problema. Apesar da pobreza a menininha era muito bem cuidada. Sempre era banhada bem direitinho, o cabelinho bem penteadinho e amarradinho com piranhas coloridas novinhas, os dentinhos escovados com esmero, unhas limpas, sempre bem calçadinha, enfim, era otimamente cuidada. Do que sobrava dos gastos com os diários feijão, arroz, e dos ingredientes dos pães que ela mesma fazia – o leite e os ovos eram ganhos do dono do tambo, que era o mesmo do açougue -, ia tudo para comprar as coisinhas da menina. Para ela nada. Das suas roupas adultas e idosas a maior parte era ganha ou achada no lixo, lavada e reformada por ela.

                                           Certo dia a Mãe perguntou à menininha sobre as razões pelas quais não parava de ficar juntando pedaços e livros inteiros, pois já havia quatro caixas cheias daquilo. Então, toda faceira saiu rodopiando até sentar-se sobre a caixa bem de cima e, batendo ritmada e simultaneamente com as duas mãozinhas e os calcanhares na caixa, disse que era porque ela ainda iria aprender a ler todos os livros do mundo. A pobre da Catadora a olhou com ternura e disse que ela estava certa e que daquele dia em diante iria ajudá-la a juntar livros também. Quase caíram com o pulo que ela deu no pescoço da Mãe para abraçá-la. A Catadora também acreditava que ela conseguiria, demonstrando que a sabedoria e os valores mais caros, como a solidariedade são mais fáceis de serem encontrados no meio do lixão humano.

                                           Os anos foram passando e chegou a hora de ir para a Escola. A Mãe agora já havia trocado a catação por uma vaga no minimercado. Ela era encarregada dos hortifrutigranjeiros e da higienização. A Menina já estava com sete anos completos. Não havia freqüentado o jardim de infância porque não havia naquelas redondezas. Andava sempre grudada na mãe e pedindo livros para todo mundo que encontrava. Muitos até já levavam até a casinha delas, que a mulher do patrão mandara construir de alvenaria, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Apesar dos dois quartos elas continuavam dormindo juntas. A televisão havia chegado. De segunda mão, porém muito boa. O outro quarto era utilizado só para guardar suas folhas e livros, tudo organizadinho, bem empilhados. Era ali que ela passava quase todo o restante do tempo em que estava em casa. Entre aquelas pilhas de livros que nem havia aprendido a ler ainda e que folhava atentamente, brincando de ler.

                                          No primeiro dia de aulas a Professora perguntou se alguém sabia das razões pelas quais uma pessoa ia a Escola. Não houve nem tempo de outro esboçar qualquer resposta e ela, ficando em pé com o braço erguido, respondeu que sabia por que estava lá. Afirmou categoricamente que lá estava para aprender a ler todos os livros do mundo. Do primeiro ano do primário até o quarto foi um triz. Passava de ano rindo. Naquela época ainda existia o exame de admissão ao ginásio que era prestado como uma espécie de vestibular para entrar para a próxima fase. Estamos melhorando, hoje a sacanagem é bem mais adiante e já agoniza. Esse tal de exame de admissão oferecia uma oportunidade para os alunos do quarto ano “pularem” o quinto e passarem diretamente do quarto para a primeira série do ginásio, se passassem. Claro que ela passou, sem o mínimo esforço.Nestas alturas ela já havia lido uma boa parte dos livros do mundo. Pelo menos o seu “quarto-folhoteca”  já estava agora só com livros inteiros, todos ordenados por assunto em uma estante que a Mãe comprara em vinte e quatro vezes.

                                         Vestibular? Mas que vestibular? Ela nem viu. Passou como um relâmpago. Muitos e muitos livros depois ela estava formada em Letras e Filosofia, tudo financiado pelos braços catadores de sobrevivência. Através de merecida bolsa de estudas aperfeiçou-se na França. Quando retornou trouxe todos os títulos possíveis nessas duas áreas do conhecimento. A Cabeça de sua Mãe quando chegou em casa com a mala cheia de diplomas escritos em francês – que a mãe analfabeta só percebia o valor pelas filigranas e cores, pois estivessem em que língua fosse, não conseguiria ler, mas o valor deles ela reconhecia nos orgulhosos olhos da filha que fitavam os dois pequenos mares transbordando  daquele coração tão bom  que a conservara com saúde para ver a perseverança triunfar – e a cabeça cheia de Conhecimento.

                                        Não faltaram ofertas de empregos nas mais diversas Universidades do país. O critério de que se utilizou para escolher onde trabalharia foi o de qual contava com a biblioteca mais completa, porque o trabalho era só desculpa para ficar entre os livros que ainda não havia lido. Desde que apanhou a primeira folha naquele lixão decidiu que aprenderia a ler todos os livros do mundo. E aprendeu. Lá naquele primeiro ano do primário, com aquela mesma Heroína que a alfabetizou e preparou para ler todos os livros do mundo. Como as tantas e tantas que nos ensinam os primeiros passos para as grandes caminhadas da vida, e ficam esquecidas, lá na ponta da estrada, também fazendo parte do imenso lixão humano aonde vamos depositando muitas e muitas pessoas de valor, que precisam ser recuperadas, intactas, sem a necessidade de reciclagem alguma, porque já são perfeitas. Essas são pedras fundamentais nos alicerces de nossas vidas e quando as descartamos da memória, dá-se a gravidez da ruína das nossas Felicidades, porque substituímos o que tem valor pelos dejetos novinhos em folha que o lixão do consumismo nos obriga a trabalhar muito para catar, diferentes da Mãe desta história que ao levar a sua filhinha sempre com ela, para aquele ambiente insalubre, preferimos abandonar nossos filhos e os entregamos, de bandeja, ao mal, porque hoje necessitamos dedicar todos nossos tempos só para a tarefa de reunir recursos para manter o ano do carro atualizado e catar os vestidos de cinco mil dólares.

                                           Todos aqueles que tiveram a paciência de ler este texto e formaram a imagem mental de uma Mãe negra se sacrificando para dar o melhor para sua filhinha também Negra, que me desculpem pela verdade: precisam visitar os seus interiores e retirar de lá o mal que é a causa de milhões de histórias como esta, porém, verídicas, de violência contra o Ser humano: a Dicriminação. Posso afirmar isto com certeza porque em momento algum deste relato eu fiz a menor menção  à cor da pele dos meus personagens. É por isto, meus queridos Amigos, que há milhões, eu disse: Milhões, de crianças e adultos de todas as cores sofrendo desnecessariamente neste Planeta. Tudo por culpa de nossas malignas imagens mentais, que teimam em manter padrões ultrapassados que rebaixam os Seres Humanos a categorias inferiores simplesmente porque respondem diferentemente à reflexão da luz ou por que têm suas próprias formas preferidas de amar. Destes eu me nego a citar as denominações porque acredito que não deveriam existir diversas classificações para o mesmo Amar, pois Amar é Amar e Amor é Amor, não interessa se é homem amando homem ou mulher amando mulher ou os dois amando aos dois; ou um Jovem amando a uma Mulher de mais idade ou vice-versa . O que interessa é que Amam e merecem o direito inalienável ao Amor. Os que merecem o nosso desmerecimento e abominação são os que não Amam e detestam a Paz. A discriminação existe é para isto: para ser aplicada contra os que são contra a convivência amorosa e pacífica. Esses merecem e precisam ser “bem” discriminados, apontados e apartados de nós.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

DAS CORRENTES ÀS PIRÂMIDES, UM MUNDO MELHOR!

                                                             Aos cinqüenta e um anos de idade não acreditava mais que iria viver o suficiente para assistir uma destas  “ correntes” ou “pirâmides” cumprir-se completamente e chegar ao final. Não foram poucas as correntes que passaram diante dos meus olhos prometendo maravilhosos lucros sem fazer nada. Minha experiência em ser um dos elos podres que as rebentaram começou quando ainda eram de papel. Naquele tempo elas eram menos danosas porque dependiam dos carteiros para funcionar e, por isto, atingiam a menos gananciosos que queriam ganhar dinheiro com facilidade sem fazerem nada. Destas eu perdi as contas de quantas rebentei a rasgos, tanto de raiva como de papel mesmo. Como o estelionato sempre acompanha a tecnologia, quando não a antecede e supera, como os vírus de computadores, novo veículo para as mais variadas formas de falcatruas, elas evoluíram para “pirâmides” Assim como o estafeta evoluiu para Office Boy; as cartas para e-mails; os lastros-ouro  dos países passaram a lastros-binários e virtuais. A pirâmide não necessitava de nada disto de guardas de tesouros nem nada, porque os “faraós” – que eram muitos – estavam todos “vivinhos”  da “Selva” e espertos. Ourinho ótimo esse que servia como combustível à máquina que se movia em incessante busca da guerra eterna. Por não poder acumular cargos eles, que já eram os xerifecos encarregados de realizar o aniquilamento das culturas e dos sonhos de paz, também eram irresponsáveis chefes de manutenção da máquina-de-guerra eterna. Guerra real alimentada com razões irracionais e dinheiro virtual. É, mas a festa acabou, porque algum arqueólogo gigolô descobriu que as bolsas das prostitutas que explorava estavam repletas  de  ouro-de-tolos, quando precisou de liquidez para comprar um aumentador de pênis para manter seu poder sobre elas.

                                                         Como a única mentira que dura para sempre é a verdade, eles se deram mal. O gigolô arqueólogo ou arqueólogo gigolô resolveu sacar da pirâmide as reservas que havia acumulado nos tempos em que as putas recebiam em ouro e o faraó era careca de tanto se preocupar em manter e aumentar o tesouro até morrer, quando o levava junto, porque já previa o surgimento de sucessores que não aplicariam nada em plantações de trigo, mas que o gastariam todinho com as prostituas de luxo em menos de mil e uma noites e com guerrinhas para dar ganhos a um vice-faraó muito ganancioso. A retirada que fez aquele que era um dos mais importantes gigolôs do mercado da prostituição e jogatina fez com que a maioria dos outros gigolôs o acompanhasse e deixasse os cabeludos faraós modernos em terrível situação de abstinência sexual, pois todas as prostitutas já sabiam que eles andavam aplicando golpe nos jardins suspensos ( interrompidos) das praças e mercados de calcinhas da “bobilônia”.  Nenhum se suicidou, nem os honrados samurais.

                                                        Pois é, a festa acabou e esta forma de capitalismo também. O mundo será muito melhor a partir de agora, porque a maioria dos investidores vai pensar muito bem antes de entregar seus recursos a qualquer gigolô aplicar. Os que realmente trabalham vão sair ganhando, pois eles são a única alternativa verdadeiramente perene e segura para que o mundo melhore. O resto são correntes de papel higiênico usado e pirâmides construídas por neo faraós  com areia de mentirinha, para entesourar falsas riquezas apenas pelo tempo que a verdade que dura pouco pereça. É cedo, mas é também certo de que o mundo ganhará em muito com está já tardia revolução, que não veio dos temidos Comunistas, nem dos pragmáticos Socialistas ou dos sonhadores Anarquistas. Ela é uma revolução de rotação, em torno do próprio e verdadeiro eixo do mal. Talvez na mistura de todas as mãos das ideologias com todas as das teologias esteja a fórmula de uma nova forma de convivência que seja a evolução do que era a Democracia. Com os mais cultos, os mais honrados, os melhores espécimes humanos, dirigindo este planeta azul que precisa de uma âncora e mais colorido.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DEMOCRACIA E BARBEARIA

Todas as nossas frustrações e choradeiras que derramamos por não lograrmos eleger nossos candidatos são muito naturais. É a breve “Tensão Pós Eleição”. Esta famigerada inclusive já tem até sigla: é a “TEPELEI” que, para condizer e bem “sentar” com o contexto, nasceu com a democrática liberdade de criação de cada um em poder interpretá-la e determinar os significados que melhor reduzirem suas dores-de-cabeças-inchadas ao perder eleições. Tanto pode ser “TE PELEI” no sentido de que digamos aos vencedores: perdi as eleições mas “TE PELEI”, porque gastastes tudo o que tinhas e o que não tinhas para comprar os votos que te elegeram ( esta é muito utilizada por intelectuais). Outra possibilidade que ela oferece para salvar os derrotados é a de querer dizer: Teu Econômico Poder Elege Legalmente Exército Incompetente ( esta pertence aos Tecnocratas que aguardavam o resultado de uma promessa de “cabide-de-emprego”  que é semanticamente parente da “TEPELEI”, por oferecer várias interpretações e que, para o qual, preferimos escolher a definição: “Cabides-de-Empregos são Sistemas Empregatícios que Empregam Gente que não é Empregada em Nada”). Já os esperançosos e sonhadores com o fim do “atraso” e a chegada do “não falha” da justiça decodificam a sigla “TEPELEI” como: TE PEgará a LEI ( há uma grande parte dos apostadores em patas de pangarés que a utilizam e acreditam que seja a mais correta de todas). Para não reduzir tanto as margens de interpretação e não tolher a criatividade de quem ler esta bobagem, vamos citar uma última para encerrar de uma vez este parágrafo chato com a seguinte definição: ‘Teu Emprego de Político Estelionatário LEgalizado eu Invejo”.  Estas são apenas algumas das muitas desculpas que nós perdedores temos para demonstrar a não concordância com o resultado das urnas.

                                           O assunto sério que disfarçamos com a fantasia (também acompanhando o contexto) do humor, como bons brasileiros que somos, esconde sob os panos da brincadeira algo sobre o qual precisamos refletir: “Os resultados das eleições são sempre justos”. Por que podemos afirmar isto: porque o objetivo deste jogo da eleição é o de conquistar o maior número de votos dos eleitores, ou seja, quem convence mais eleitores  a dedicar o voto a si, é o ganhador. Simples matemática: quem faz mais pontos ganha. Agora, seguindo o raciocínio podemos perguntar: Por que os eleitores votaram nesses canalhas, ladrões e falcatruas e não nos nossos candidatos honestos, competentes e trabalhadores?  Não é esta a nossa pergunta recorrente de perdedores? A minha é. Pois então? Qual é a resposta? É seguinte: Se alguém se elege é porque conseguiu mais votos. Se conseguiu mais votos, foi porque conseguiu convencer mais eleitores. Se conseguiu convencer mais eleitores, foi porque conhece as melhores formas de convencê-los, como os nossos têm as deles de nos convencer. Pergunta seguinte: Como conseguiram convencer a maior número de eleitores e nós não? Resposta dupla: Os que se elegem respeitando todos os parâmetros legais, éticos e morais, se elegem pelo verdadeiro talento político, seja através da oratória, apresentação das propostas que contemplem as ânsias de solução dos  problemas básicos do dia-a-dia, como alimentação, saúde e educação para os filhos, em linguagem popular que todos compreendam. É porque nos conhecem, aos eleitores, e as facetas da nossa “personalidade cultural” coletiva, porém, por auto-imposições de suas consciências manobram no pequeno intervalo do que ela permite. Mas e os criminosos, por que e como se elegem? Pelos mesmos motivos dos honestos: porque conhecem o povo e conhecem nossas facetas. E como fazem para nos convencer? Se utilizando de todo o seu conhecimento de todas as nossas facetas e de todos os meios disponíveis e indisponíveis ( ficam devendo aos financiadores no ciclo vicioso aquele que já conhecemos) para nos convencer, sem o mínimo limite de nada. Eles nos conhecem muito melhor do que nós mesmos. São hipercompetentes nesta “arte”, no sentido adulto de ser “arteiro”, ou “artista”. Se elegem porque conhecem e se utilizam dos “atalhos” que, por recorrência e “injurisprovidência”,  já fazem parte das regras para atingir o objetivo final. São muito mais competentes no que se propõe, do que os outros.

                                            Portanto, meus Amigos, o negócio é este mesmo: é um negócio e como em qualquer empreendimento, há os honestos e os desonestos, mas no final todos vendem. Uns vendem ilusões ideológicas, outros materiais, terceiros as duas e assim vamos seguindo. Os que como eu desejam que os criminosos sejam eliminados da boa política, deveremos abandonar a condição de “pintinhos de chocadeira” e descermos para a sarjeta, que é o campo dos nossos inimigos e, nos apropriando das armas deles, sem o falso pudor dos que não sabem que estamos em guerra, tomarmos de assalto o castelo e fazermos o que precisamos fazer, para que as regras voltem ao que eram, quando foi criado o jogo da Democracia lá na física e temporalmente longínqua Grecia, e se possam colocar para sempre nas masmorras da mediocridade e das grades, esses que se utilizam do conhecimento de que o povo é bom, honesto, trabalhador, para comprá-lo com coxinhas de galinha e churrascos por saberem que, se um homem do povo vai a uma reunião-armadilha destas comer essas iscas imundas e mal havidas que lhe oferecem, e dá sua palavra da gratidão pelo voto, jamais deixará de cumprir, no geral, e é esta a sarjeta que precisamos conhecer e na qual precisamos nos sujar, porque se não tomarmos o poder através das mesmas formas que eles, para podermos mudar, nada mudará jamais porque passaremos  dezoito mil gerações educando cem e eles deseducando um milhão. Se não ocuparmos sujos de sujeira lavável, diferente da deles, o poder neste jogo que apelidaram, para nos enganar, de democracia. Democracia esta que proíbe a um Prefeito de instalar uma barbearia municipal para salvar as crianças dos piolhos. O argumento da proibição é o de que isto é um atentado à iniciativa privada e ao livre mercado. Mas como é que para socorrer  financistas-jogadores irresponsáveis,  que não podem viver longe dos seus hiates e das coxinhas das prostitutas de luxo, não só pode como é obrigatório ao Estado intervir nesse mesmo e antes intocável mercado privado, para salvá-lo com os recursos da barbearia das crianças piolhentas?