domingo, 3 de fevereiro de 2008

NOSSA OBRA

Como é triste o ser humano
Ter que isolar-se de si
Com medo até de guri
Neste viver tão insano
Porque é uma ponta de cano
A batuta dessa orquestra
Que mata rouba seqüestra
Tornando-nos presidiários
E sem sermos nem primários
Nossa liberdade arresta.

E a rica e a modesta
Famílias no abandono
Passando noites sem sono
Porque regendo essa orquestra
Muito já se viu à testa
O prefeito o deputado
O PM e o delegado
Com soldo da sociedade
Sendo peões na verdade
Do crime organizado.

E vem da politicalha
Que mente em sociologia
Em absurda algarvia
Que defende e espalha
A solução mais canalha
Que é reduzir a idade
Para a imputação penal
Sendo que há necessidade
De mais sensibilidade
Para conduzir o social.

Pois só com o capital
Para a construção de prédio
Nunca se fará o remédio
E a cimento areia e cal
Jamais vão curar do mal
E ao agir na conseqüência
Negarão a própria ciência
Prendendo gente pequena
Que desde a sua nascença
Já começa a cumprir pena.

O que é preciso é vergonha
E vontade de mudar
Ao invés de aí ficar
Como um bando de pamonha
Querendo matar cegonha
Para resolver o problema
Parem de fazer cinema
E obras de ficção
Pois para este teorema
A vontade é solução.

E o que há de mais urgente
Do qual depende o sucesso
É extirpar do congresso
E da justiça doente
Esse câncer recorrente
Que volta a cada eleição
Trazendo a corrupção
Cada vez mais resistente
E a gente preso impotente
Vendo morrer a nação.

Depois é deixar o povo
Eleger prioridades
E expressar nossas vontades
Construindo um país novo
Onde possa todo ovo
Ter ninho para ser chocado
E depois de descascado
Quirela e um bom galinheiro
Onde não seja cooptado
Pelos galos quadrilheiros.

Porque aí é que o perigo
Já principia a rondá-los
E sem ninguém para amá-los
Logo que cai o umbigo
Conhecem o único amigo
Que os alimenta e acolhe
Então a infância encolhe
O adulto chega mais cedo
E sem opção escolhe
Um fuzil como brinquedo.

Vamos falar a verdade
Chega de demagogia
Que a culpa dessa anarquia
No campo e na cidade
É de toda a sociedade
Daquele que vota errado
Ao político arrendado
Que vive criando imposto
Para pagar o emprestado
Ao corruptor sem rosto.

Também têm culpa de mais
O bando de irresponsáveis
Os famintos insaciáveis
Que não passarão jamais
De atletas sexuais
Não que sexo seja feio
Não vamos fazer rodeio
É bom andar namorando
O que não pode é do meio
Sair criança penando.

Pois esses atos impensados
E ademais inconseqüentes
Deixam muitos inocentes
Órfãos de pais mal criados
Pelo mundo atirados
Muitas vezes pela rua
Cobertos só pela lua
Dormindo em papelão
Descobrindo a vida crua
Sem amor nem proteção.

Enquanto seguem no esporte
Os campeões e suas conquistas
Verdadeiros recordistas
Da ejaculação mais forte
Onde só eles têm sorte
E a guaiaca sempre cheia
Para os vícios e a função
Mas precisam de maneia
E freqüentar a cadeia
Para pagar a pensão.

É conclusão enganosa
Culpar só a governança
E condenar a infância
Que se torna criminosa
Pois mesmo que vergonhosa
A verdade é hialina
E de forma cristalina
Vê-se que o que nos acossa
Essa maldade menina
É só a infância da nossa.

( Aldo Urruth)

1 Comentários:

Às 18 de fevereiro de 2008 às 05:19 , Blogger Lorenzo M. Toscani disse...

Mui belo Aldo veio....

 

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